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Antes do mais, obrigado pela disponibilidade que tens tido em comentar os jogos para a PPMag e em fazer esta entrevista.

- O cargo:

É a tua 1ª época como seleccionador, como tem decorrido o teu trabalho relativamente ao que estavas à espera quando ganhaste as eleições?

R: Tem decorrido dentro das minhas expectativas. Houve algumas nuances que me escapariam não fosse a colaboração de alguns treinadores dispostos a ajudar, e aos quais eu desde já agradeço, fora isso não houve surpresas.

Com a experiência que já acumulaste neste período, terias feito alguma coisa de diferente quer na candidatura quer na maneira como lidaste com o cargo?

R: Ainda é cedo para responder a esta questão, no entanto há sempre coisas que podemos melhorar. Para já o trabalho resumiu-se à prospecção e gestão dos recursos existentes, tendo tudo seguido de acordo com o plano que eu e o Pryce estabelecemos.

- Os jogos de preparação:

Contando com o 1º jogo da época em que ainda era o Pedro Perry o seleccionador, Portugal teve na preparação um saldo de 4 vitórias e 10 derrotas. Tens sempre dito que a química dos jogadores tem sido a tua prioridade máxima e não os resultados dos amigáveis, mas como avalias a prestação da equipa?

R: Desde o inicio que estabelecemos que a química seria a nossa prioridade, pretendendo ter um leque alargado de jogadores com valores acima dos 90. Em termos tácticos quisemos garantir que não utilizaríamos um modelo repetidas vezes por forma a evitar o estudo das nossas opções por parte dos adversários. Estas duas linhas condutoras da nossa preparação ditaram um saldo final negativo, mas considero que isso não reflecte a prestação da equipa. Das 10 derrotas 4 foram por 1 golo, duas dessas em tempo extra, e só contra a Holanda é que fomos massacrados. De uma forma geral estou contente com a prestação da equipa, especialmente porque os jogos foram quase todos contra selecções com prestações superiores à nossa nas últimas 4 épocas.

Esta época temos a pior média de golos marcados por jogo de sempre com 2,29 golos por jogo e estamos bastante abaixo do que a selecção fez na época passada (média de 3 golos marcados por jogo), estando os golos sofridos ligeiramente acima do que tivemos na época passada (3,29 esta época contra 3,05 na época passada). Qual é na tua opinião o principal motivo desta descida de eficácia na nossa finalização?

R: Acho que já respondi a essa questão atrás, no entanto julgo que a minha opção de privilegiar a evolução dos jogadores em detrimento dos resultados também poderá ter influenciado de certa forma esses dados estatísticos. Esta época fizemos menos 2 jogos em casa, e caso tivéssemos defrontado outra equipa que não a Holanda, onde apenas sofrêssemos 1 golo em cada jogo as estatísticas seriam 2.8 golos sofrido, por isso a comparação entre épocas é sempre ingrata.

-  Os jogadores:

Tendo em vista os jogadores nacionais que temos actualmente, tens o plantel que querias para o mundial ou há algum jogador que vais deixar de fora devido a lesões, pouca energia ou outros factores?

R: Até ao momento está prevista a utilização dos jogadores que no inicio da época foram definidos como aqueles que nos davam maiores garantias. Para já, e salvo algumas excepções, os melhores jogadores continuarão a ser os mesmos que o foram em épocas anteriores.

Utilizaste 6 goalies diferentes nos jogos de preparação, achas que é o ponto fraco da nossa equipa relativamente aos nossos adversários daí a necessidade de experimentar vários jogadores nesta posição?

R: A razão de experimentar vários guarda-redes deveu-se exclusivamente ao facto de pretender elevar a química daqueles que são uma opção para o futuro. Não penso que os guarda-redes sejam o nosso ponto fraco, acho que a nossa desvantagem está essencialmente no facto dos nossos jogadores estarem em média com um atraso de uma a duas épocas, em termos de treino, em relação aos jogadores das selecções mais fortes.

- O Mundial:

Temos saldo negativo com todos os 5 adversários que vamos defrontar na 1ª fase do mundial, e em jogos para o mundial apenas conseguimos vencer a Bulgária por uma vez (na época 3) contra 3 derrotas (2 com a Áustria e 1 com a Ucrânia). É motivo de preocupação para ti, ou achas que temos condições para inverter esta tendência?

R: Estou ciente das limitações da nossa selecção, e quando analisamos o nosso grupo verificamos que apenas a Áustria tem um valor qualitativo inferior ao nosso, no entanto não irei encarar nenhum jogo como estando perdido antes de ser jogado. Temos feito as nossas observações ao longo da época e iremos utilizar as opções que em nossa opinião nos darão as melhores condições de ganhar cada um dos jogos. Quanto a inverter a tendência só os resultados o dirão.

Com a avaliação que certamente já fizeste aos nossos adversários, quais são realisticamente as nossas hipóteses neste mundial?

R: Analisando a prestação de todas as selecções na nossa divisão verificamos que apenas a Bélgica fez pior que nós no conjunto das últimas 4 épocas, o que juntamente com a minha opinião de que os equilíbrios entre selecções apenas mudarão quando começar a renovação de jogadores seleccionados, sou levado a dizer que, se todos os seleccionadores usarem as suas melhores opções o nosso destino será a descida. Felizmente a análise estatística não reflecte resultados futuros.

- O futuro:

Pensas recandidatar-te na próxima época, ou decidirás isso em função dos resultados do mundial?

R: Certamente que sim. Independentemente do resultado no mundial, estarei disponível para continuar como seleccionador, pondo ao serviço da mesma todos os conhecimentos e experiências adquiridos, cabendo aos treinadores dizerem, através do voto, se continuam a contar comigo, ou se preferem optar por alguém com outras ideias ou métodos.

Até onde achas que Portugal poderá chegar no futuro, achas que teremos alguma vez hipóteses de lutar pelos lugares de topo na Divisão Top?

R: Estou convicto que sim, mas esse objectivo não será alcançado apenas com o trabalho do seleccionador. Terá que ser um esforço conjunto entre seleccionador e treinadores, por forma a conseguir obter um fluxo constante de bons jogadores que irão renovar e reforçar a selecção.


Mais uma vez, obrigado pela tua disponibilidade e boa sorte para o mundial que está à porta.