Draft: Análise e opinião
Olá a todos
Desta vez venho-vos apresentar um trabalho estatístico que fiz, acerca do valor que os drafts têm para as equipas e para as nossas selecções.
Vamos então analisar os resultados que os drafts trouxeram, bem como o impacto que estes têm no jogo.
Como objecto de estudo peguei no draft da I.1, que será o draft mais activo e também com maior número de equipas com excelentes estruturas. É sempre uma analisé complicada e algo subjectiva, porque há muitos e variados factores que influenciam os jogadores, mas vou tentar establecer quais foram melhores, quais os piores, e o que o draft traz em média...
Draft I.1
Vejamos então a seguinte tabela, em que nos aparece os seguintes dados de cada draft das primeiras 3 épocas:
- Nº de jogadores que já atingiram 500AG
- Nº de jogadores que ultrapassaram os 600AG (dos indicados na 1ª coluna!)
- Nº de jogadores que estão na selecção A
Nota: Nestes primeiros drafts as estruturas ainda eram muito diminutas, o draft tinha 1/2 rondas, pelo que separo dos restantes pois naturalmente os resultados terão que ser analiasados de forma distinta.
O formato de apresentação do draft é o seguinte (época-nº draft). Ou seja, o 1º draft da 1º época será o draft 1-1.
Draft | 500AG | 600AG | Selecção A |
1-1 | 1 | 0 | 0 |
1-2 | 5 | 1 | 0 |
2-1 | 5 | 2 | 0 |
2-2 | 4 | 3 | 0 |
3-1 | 5 | 2 | 1 |
3-2 | 9 | 2 | 1 |
Como podemos ver, em média, cerca de 5 jogadores por draft atingiram um patamar decente, isto nas primeiras 3 épocas. Com 2 excepções: o 1º draft porque ainda ninguém estava em condições de tirar mais do que 1 jogador, e o 6º draft, que para a altura saiu um número interessante de jogadores com algum aproveitamento: 9, o que poderá querer inidicar que até foi um bom draft para a época em questão.
Já no que a "estrelas" diz respeito, verificamos que cerca 2/3 jogadores acabam por atingir no futuro qualidade suficiente para serem considerados muito bons jogadores.
Os dados da coluna da selecção A não surpreendem, pois naturalmente nas primeiras 2 épocas os jogadores que sairam acabaram penalizados por estruturas menos desenvolvidas.
Épocas 4, 5 e 6
Seguem-se os dados das 3 épocas seguintes:
- Nº de jogadores que já atingiram 600AG
- Nº de jogadores que ultrapassaram os 700AG (dos indicados na 1ª coluna)
- Nº de jogadores que entraram na selecção U19
Draft | 600AG | 700AG | U19 |
4-1 | 6 | 2 | ------ |
4-2 | 3 | 2 | 2 |
5-1 | 1 | 1 | 1 |
5-2 | 2 | 1 | 1 |
6-1 | 3 | 0 | 2 |
A partir daqui começa-se a sentir muito mais o peso das estruturas, dado que naturalmente por esta altura já havia equipas com bons níveis de academia e de centro de treino. Daí que tenha analisado separado das 3 primeiras épocas. Os melhores jogadores de cada draft não só sairam com melhores Ag como treinaram mais depressa, o que explica a subida dos valores de Ag.
Apesar disto tudo acima referido, na verdade o número de jogadores a chegar aos 600Ag manteve-se estável em relação às 3 primeiras épocas: Cerca de 2/3 por draft. O que é algo estranho, pois com melhores estruturas deveria haver mais jogadores a ter chegado a esse patamar. A questão da idade não explica tudo, porque como disse anteriormente, os jogadores começaram também a aparecer já com maiores AG iniciais.
Tirando o 1º da época 4, a ideia que fica é que os restantes drafts da tabela não foram famosos em termos de número total de talentos com aproveitamento. Contudo, sempre foram saindo alguns jogadores que actualmente são craques, como demonstra a coluna dos 700AG. Craques esses que por sua vez foram aproveitados pela selecção sub19.
Destaque pela negativa para os drafts da época 5, dessa época apenas 3 jogadores atingiram pelo menos os 600AG. Uma época fraca, a meu ver.
Épocas 6, 7 e 8
Agora vamos analisar os dados dos drafts mais recentes, e que correspondem à geração dos actuais sub17. Devido à sua juventude, e para uma análise mais relevante, sub-dividi a tabela em 3 ramos, 1 para cada idade (17, 16 e 15 anos), de forma a adaptar um critério consoante a idade.
Draft | 500AG | 600AG | U17 |
6-2 | 4 | 0 | 3 |
7-1 | 4 | 1 | 4 |
450AG | 500AG | ||
7-2 | 2 | 0 | 0 |
8-1 | 6 | 3 | 4 |
400AG | 450AG | ||
8-2 | 6 | 2 | 0 |
Novamente, os números andam muito à volta do mesmo. 3 a 6 jogadores de grande nível por cada draft, 0-3 podem ser considerados "grandes promessas" para as respectivas idades.
Do 6-2 e 7-1 sairam um total de 8 jogadores de 17 anos que actualmente têm + de 500AG. Do 7-2 e 8-1 saíram 8 jogadores, que com 16 anos já atingem pelo menos 450AG. E finalmente, ainda analisei o 8-2, embora seja o draft mais dificil de tirar conclusões porque os factores mais importantes (a qualidade dos jogadores e centro de treino) tiveram mesmo muito pouca influência até agora, e é sabido que isso é o que influencia mais se o jogador consegue ou não chegar aos patamares altos. Neste draft contei 6 jogadores acima de 400Ag com idade de 15 anos, com 2 acima de 450ag. Vale o que vale, mas à primeira vista será um bom valor.
Também aqui salta a vista o "draft mau", 7-2, com apenas 2 jogadores acima de 450ag. No draft seguinte, apesar de até serem jogadores com menos tempo de treino, saíram mais e melhores jogadores. Ou seja, o 8-1 terá sido um bom draft a compensar o mau draft (7-2). Até mesmo os números dos sub17 o comprovam.
Já o draft 8-2 olhando a estes dados parece ter sido bom, mas há que aguardar para ver como vão os jogadores desenvolver daqui para a frente.
Impacto nas Seleções
Peguemos então nas selecções. Qual é o impacto que os drafts têm nas nossas selecções?
Para avaliarmos esta tabela, temos primeiro que ter em conta os seguintes dados:
- Em cada época há 10 semanas
- Em 8 há promoções pelo método normal
- Em 2 os jovens aparecem via draft
Analisando estes números, o mais expectável seria dizermos que a maioria dos jogadores das selecções aparecem pelo método normal, dado que há muito mais semanas de método normal do que drafts.
Contudo, os números apontam:
Selecção | Nº Jogadores | Nº vindos de draft | % | Jogadores de draft no top 10 |
A | 21* | 11 | 52 | 7 |
U19 | 19 | 10 | 53 | 5 |
U17 | 23 | 13 | 57 | 4 |
* - Na selecção A ainda estão presentes jogadores da velha geração, o que altera o peso final. Sem eles, o peso dos drafts seria bastante maior.
A primeira coisa que salta à vista é que mais de 50% dos jogadores da selecção são provenientes do draft. Poderemos mesmo dizer que os drafts são o principal fornecedor de jogadores, nomeadamente na selecção dos sub17, em que quase 60% surgem por essa via. É um número surpreendente! Significa que 2 semanas na época acabam por ser muito mais importantes para as camadas jovens que as restastes 8!
E na selecção A o número só não é semelhante porque ainda há uns poucos da "velha geração".... apenas nos sub-19 existe algum equilíbrio.
Parece claramente haver fundamento para aqueles que afirmam que os drafts vieram piorar os resultados das academias no método normal. Saem menos jogadores por essa via, aliás, se fossemos analisar os planteis creio que concluiríamos que os miúdos da via normal estão em clara minoria nos planteis.
Há no entanto um facto intrigante, que é a analise dos 10 jogadores com mais AG das respectivas selecções. E, surpresa: No escalão os os jogadores do draft estão em clara maioria, eis que no top 10 estão em minoria! O que pode explicar tal facto?
Das duas uma: Será que os da via normal "são poucos mas bons"? Ou talvez os drafts das últimas épocas tenham ficado um pouco aquém no capítulo das qualidades dos melhores jogadores jovens...e isso esteja reflectido no top 10 dos sub17.
Poderiamos também pensa em mera coincidência, mas nos sub19 os números não são muito diferentes nesse aspecto. Metade do top 10 surgiu pela via normal.
Apenas na selecção A é que a maioria de jogadores de draft se traduz em claro dominio do top 10. Talvez esteja relacionado também com o facto de os drafts de onde os jogadores saíram tenham sido mais generosos nas qualidades que os mais recentes...
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Opinião
Tentei também obter a opinião de alguns utilizadores em relação aos resultados dos drafts. Escolhi ao acaso alguns utilizadores, tentando distribuir por vários escalões, para tentar perceber o que pensam as equipas tanto do topo como de escalões inferiores.
Como se poderá ver, uns dão mais importância ao draft do que outros, e há algumas opiniões diferentes em relação à forma ideal de rentabilizar o draft.
Eis as respostas que obtive:
Damena I.1
Avaliação Geral:
Creio que o nivel dos jogadores que têm saido no draft, só posso falar melhor relativamente ao basket, que é onde presto mais atenção, mas parece-me que nesse desporto o nível deixa um pouco a desejar. Já vi saírem alguns bons jogadores, mas ultimamente o nível tem sido bastante fraco, com os jogadores mais fortes a não serem nada de especial.
- Na tua opinião, vale ou não a pena jogar de propósito para melhores posições no draft?
R: Na minha opinião não vale a pena fazer tanking, por 4 motivos. Em primeiro lugar porque, pelo que tenho visto a qualidade dos melhores jogadores não se justifica perder jogos e dinheiro (patrocínios), em segundo lugar porque nada garante que mesmo escolhendo numa das primeiras posições que se consiga encontrar os jogadores "especiais", em 3ª lugar porque muita das vezes há erros de avaliação e jogadores que aparecem mt bem avaliados não serem assim tão bons, e por ultimo, devido ao random que existe no sorteio da ordem do draft, perder muito não garante uma posição que possa ser escolhido de certeza um jogador de top.
- Na tua opinião, é benéfico ir para uma liga menos activa para aproveitar um draft "menos concorrido"?
R: Depende da comparação que se faz, se falarmos de ligas diferentes da mesma divisão, creio que vale a pena ir para uma mais inactiva, pois isso irá permitir escolher um maior numero de jogadores com avaliação alta o que aumenta as chances de se encontrar uma pérola.
- Por qual método aparecem melhores jogadores: normal (academia) ou draft?
R: Esta é uma questão pertinente, e creio que dependerá de pessoa para pessoa. Ultimamente tenho tido melhores jogadores a sair do método normal que do a partir do draft, mas nas primeiras épocas o draft era o único sitio onde encontrava jogadores de bom nível. Isto falando do Basket, já no Andebol é de um nível semelhante entre os 2 métodos, e no Hockey claramente tenho tido melhores resultados no draft, o que mostra que depende muito da sorte, visto que qualquer que seja o formato a sorte estará sempre presente.
Manuel Picaró I.1
Avaliação geral:
Bem, em relação aos jogadores que surgiram vindos do draft até ao momento os que se tem destacado são o Saul Dias e o Aníbal Vidal. São dois titulares da equipa que conquistaram o lugar acerca de 2 epocas. São 2 jogadores cujos atributos iniciais deram desde logo garantias que bem treinados chegariam lá. Saul Dias já foi internacional sub-20 e espero mesmo que tenha ainda uma oportunidade nos A's.
Depois tenho mais 2 ou 3 que enventualmente irão conquistar um lugar nos 12 melhores mas que tenho dúvidas que cheguem ao 5 inicial.
De resto sinceramente nada mais se destaca. Alguns andam pela equipa a ganhar alguns atributos para no futuro serem vendidos.
- Na tua opinião, vale ou não a pena jogar de propósito para melhores posições no draft?
R: Tenho as minhas dúvidas porque até ao momento não sei se o investimentoe efectuado valerá a pena. Talvez a longo prazo se justifique. Mas dado o random tenho as minhas dúvidas...
- Achas que é benéfico ir para uma liga menos activa para aproveitar um draft "menos concorrido"?
R: Talvez seja mas como referi na resposta anterior a aleatoriedade é de tal ordem que não sei se compensará a descida de divisão...
- Por qual método aparecem melhores jogadores: normal (academia) ou draft?
R: Para já tem sido através do draft. Na academia tem surgido muitos poucos jogadores aproveitáveis. Sendo que até ao momento o melhor jogador que tive (Leonardo Silva) vinha com a equipa que recebi.
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Cajuda II.2
Avaliação Geral:
Na minha sincera opinião, acho que os drafts têm vindo a trazer jogadores às nossas equipas com uma qualidade que raramente se obtém, através da academia desportiva. Sem dúvida que é uma parte muito importante do jogo e aumenta a competitividade das equipas de todas as nossas ligas.
- Na tua opinião, vale ou não a pena jogar de propósito para melhores posições no draft? Achas que é benéfico ir para uma liga menos activa para aproveitar um draft "menos concorrido"?
R: Jogar em função das posições do draft pode ser considerada uma estratégia, mas sejamos francos, nem toda a gente vai ao draft, por isso é quase garantido que consigas um jogador de qualidade "B". Ir para uma liga menos competitiva facilitaria a hipótese de conseguir um jogador de qualidade "A" e de certeza que seria muito benéfico para uma equipa a longo prazo.
(Ele juntou as respostas, pelo que apresento as 2 perguntas juntas)
- Por qual método aparecem melhores jogadores: normal (academia) ou draft?
R: Existem desportos em que se lança mais jogadores vindo do draft do que a academia e isso é algo um pouco triste na minha óptica. Gastar milhões e milhões para aumentar a academia desportiva para ver jogadores medianos a serem lançados e (de vez em quando) jogadores de qualidade (78% a 80%), é muito triste e mau para o jogo.
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Aida Cristina II.1
Avaliação geral:
Não utilizo o draft porque não sendo "pro" demora muito a observar jogadores.
- Na tua opinião, vale ou não a pena jogar de propósito para melhores posições no draft?
R: Não jogo para posições no draft pelo motivo anteriormente explicado.
- Achas que é benéfico ir para uma liga menos activa para aproveitar um draft "menos concorrido"?
R: Não sei, jogo sempre para ganhar e subir de liga.
- Por qual método aparecem melhores jogadores: normal (academia) ou draft?
R: Já me tem aparecido excelentes jogadores via academia, o que deixa o manager do Sporting 1962 (o meu marido) bastante irritado (lol) porque ele tem uma academia bem melhor que a minha e só lhe sai lixo... diz ele!
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Colunas03 II.3
Avaliação Geral:
Neste momento e olhando apenas para o basquetebol(nos outros desportos não tenho seguido com atenção o draft) tenho 13 jovens, dos quais 9 saíram do draft e 4 da academia. Em termos de qualidade o melhor do draft tem 83 qmd e da academia 81, os piores tem 71 e 74 respectivamente.
Em relação à liga de basquetebol(estou à 5 épocas seguidas na mesma liga), normalmente só aparece 1 ou 2 jogadores avaliados como A, 7 ou 8 como B e restantes C e D, só me lembro de ver 1 como A+.
Nos outros desportos não tenho prestado muita atenção, mas dos que me lembro não aparecem muitos avaliados com A ou A+.
- Na tua opinião, vale ou não a pena jogar de propósito para melhores posições no draft?
R: Na minha opinião só vale a pena jogar para ficar numa boa posição no draft se no dia em que estiveres que escolher estás lá para a escolha dos melhores jogadores que conseguiste observar.
- Achas que é benéfico ir para uma liga menos activa para aproveitar um draft "menos concorrido"?
R: Não é benéfico passar para uma liga menos activa porque pode não aparecer nenhum jogador com qualidade.No basquetebol o melhor jogador que tenho saiu do draft na posição 11 e tenho outro que saiu na posição 25.
- Por qual método aparecem melhores jogadores: normal (academia) ou draft?
R: Olhando apenas para os meus jogadores no basquetebol o draft tem sido melhor que a academia.Nos outros desportos nem do draft nem da academia, tenho alguns jogadores mas em termos de qualidade são muito fracos de ambos os métodos.
Considerações finais
- Os drafts têm um peso muito grande nos planteis das equipas e nas selecções
- Os drafts parecem ser o método que produz jovens de qualidade em maior quantidade
- Cada draft trará em média 4-6 jogadores que atingirão patamares interessantes (desde que sejam escolhidos e treinados, naturalmente)
- Em média em cada draft haverá até 1-2 jogadores com potencial para ser uma estrela nas nossas ligas
- Há drafts bons, e drafts maus. Nem todos apresentam o mesmo nível de potencial, acho que é algo concreto que podemos tirar deste estudo.
- O tanking não compensa (opinião geral) porque há tanto de aleatório que anula esse efeito (sorteio da ordem, sorte de escolher bem os jogadores para avaliar, avaliações erradas, resultado final na academia....)
- Já o estar numa liga menos concorrida pode trazer vantagens, dado que é mais fácil escolher os jogadores com melhor observação, e isso aumentará as chances de apanharmos bons jogadores (desde que se tenha estruturas a bom nível claro)
- O método normal apresenta menos jovens de qualidade, mas no que toca a jogadores verdadeiramente top parece que saem de forma equilibrada entre método normal e draft.
Espero que tenham gostado e que tenha sido um artigo útil para percebermos o valor dos drafts.
Obrigado e até uma próxima. ;)
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