Diário de um Novato - Parte 3
Ah, as emoções do primeiro jogo! Era uma quinta-feira. Subi pelo túnel buraco que levava até o campo. As instruções já haviam sido passadas para os moleques. Eu tinha um capitão, onze jogadores em campo, todos uniformizados e posicionados antes do pontapé inicial. De fato, aqueles moleques vestidos com vermelho quase vinho até pareciam mesmo com um time de futebol.
A partida era na casa do adversário. Mas não tinha grilo. Guns Guitar Club organizado, novo comando, nova atitude, nova mentalidade. Tática sólida. Além disso, os treinos durante a semana mostravam que os moleques já se conheciam. Pra completar, o time adversário nem tinha treinador. Um time bot, abandonado. Não tinha grilo, era vitória fácil.
Entretanto... O placar em branco permanecia. Se tornou um jogo igual, porque os moleques... Ah, que miseráveis, esses moleques!! Não acertavam uma na rede adversária. Por fim, pra me deixar mais feliz ainda, tomaram um gol no último minuto. Uma jogada completamente sem sentido. O típico bate rebate desenvolvido por uma zaga fraca.
Resultado: vaias. Placar negativo contra um time que nem treinador tinha. Mas uma coisa eu garanto. Após o jogo, os moleques estavam com a orelha fervendo ao sair do vestiário. Espero que aprendam a lição. E assim foi o meu primeiro jogo, e o primeiro vexame.
BOT 1 x 0 Guns Guitar Club
Mas então veio um domingão de céu estrelado. Sim, esse era o cenário da minha estreia em casa sob o comando do Guns. Mandei reformar o Paradise City assim que assumi, justamente pensando em montar uma festa para essa estreia. De hoje não podia passar. O time tinha que vencer.
Fiz a preleção pensando em vitória. Passei os últimos dias fazendo uma lavagem cerebral nos moleques, e constatei a mudança de comportamento logo nos vestiários. Depois de orientá-los sobre a estratégia para o primeiro tempo, o Juvenorio Cunha do nada decidiu ser um capitão de verdade:
- Vamo lá hein molecada! De hoje não passa! Vamos jogar diante da nossa torcida, na nossa nova casa e vamos mostrar nosso jogo! Quero ver todo mundo dando o sangue hein! Todo mundo aqui molecada, junta aqui... No 3 hein... 1... 2... 3... GUNS GUITAR CLUB!!!
Depois disso, não pude evitar aquele frio na espinha. Parecia que novamente eu estava diante de um grande time. Um time vencedor, ainda que por apenas um momento. Sou supersticioso e gosto de deixar os jogadores subirem do túnel buraco primeiro, até para ouvir a saudação da torcida. E nessa noite, ouviu-se uma saudação longa e calorosa. Parecia que o time não jogava em casa há anos.
Embora o público fosse de apenas 2535 pessoas (dos quais somente 35 eram pagantes), os torcedores enlouqueceram quando os jogadores vestidos com vermelho quase vinho entraram no gramado. O sistema de som tocou Welcome To The Jungle para a nossa entrada, e isso eletrificou ainda mais os jogadores, que se posicionaram em tempo recorde para o início da partida. Pareciam estar com muita sede (de água e de vitória). Bem verdade que tivemos um problema com água na concentração à tarde. Tive que ir comprar água às pressas. Mas, comparado à pressão da estréia, esse problema foi coisinha de criança.
No primeiro tempo foi sufoco, claro. Mas o bom futebol apareceu e vencemos por 3 x 1. O Juvenorio arrebentou com 2 assistências. Foi incrível. Quando o time perde, é difícil dizer alguma coisa produtiva para os jogadores no vestiário, mas quando ganha é fácil. Só pude parabenizá-los. Lembro das perguntas dos jornalistas:
- Depois da vitória de hoje, como ficam as aspirações do Guns para o campeonato? Mudou alguma coisa? Qual foi sua estratégia na concentração para deixar o time desse jeito?
E eu respondi:
- Bom, o título é praticamente impossível. Estamos 25 pontos atrás do primeiro colocado. Mas vamos correr em cada jogo, buscar vitória após vitória.
Guns Guitar Club 3 x 1 VISITANTES F.C.
E essa é a verdade. O objetivo continua sendo a eterno prazo (algo como 30 anos). Quanto à estratégia usada nessa vitória, eu enrolei os jornalistas com alguma resposta que não me lembro agora, mas na realidade eu não sei exatamente o que eu fiz pro time jogar tão bem. Acho que o fato de ter acabado a água na concentração ajudou e aumentou a sede dos jogadores por vitória. Vou ver com a diretoria a possibilidade de nos concentrarmos em algum deserto antes do próximo jogo.
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